sábado, 26 de março de 2011

Volte-se para dentro de si.


“Conheça-te a ti mesmo”.

Frase sábia, não? Desde os primórdios dos tempos, Jesus Cristo, o Mestre dos mestres, dirigia-se claramente aos cristãos, quando o questionavam sobre os infortúnios da vida. Creia, essa frase permanece atualíssima em nosso tempo.
Ocorre que nós, seres humanos, estamos sempre preocupados e voltados para o nosso exterior; preocupa-nos o que vestir, como andar e para onde ir, em tudo nos metemos a sabedores, discorremos sobre a nossa história como melhores em tudo.
Vivemos a cultura da mesmice onde repetimos como papagaios tudo que ouvimos de bobagens e toda a ordem de jargões e piadas machistas de celebridades de segunda categoria, que se acham engraçadas atrás de um microfone.
Carregamos o estigma de uma elite quatrocentona completamente rançosa de preconceitos que já não cabem no século XXI.

Dou aqui um exemplo: outro dia, vi uma senhora de classe média, “digamos que alta” discorrendo em uma gravação de um jornal televisivo a respeito do tempo em que estava aguardando na fila para a adoção de uma criança.
Dizia ela que achava que estava esperando há muito tempo ser chamada, pelo perfil da criança que ela havia optado para adoção.
Queria uma criança de até um ano de vida. Essa criança tinha que ser branca e não de outra etnia (palavras dela) e continuou: Não estou preparada para outro tipo de criança que não possua esse perfil.
Detalhe: a grande maioria de crianças disponíveis para adoção são crianças negras e pardas com aproximadamente 3 a 5 anos de idade.
Eu diria que essa senhora não está preparada para nada na vida e, certamente, iria ser mais feliz indo a um pet shop comprando um cachorrinho.

Entendem qual é o ponto?
Possuímos uma visão externa de mundo que não é compatível com a realidade. Queremos o agradável, o belo aos nossos olhos. Somos escravos da cultura da beleza grega, procuramos companheiro (a)s caucasiano (a)s, como estereótipos de famílias perfeitas. Temos todo tipo de preconceito quando se trata da nossa vida.
E o pior: não nos conhecemos, não temos idéia alguma de quem somos, vivemos à margem da grande realidade da vida que é o conhecer si mesmo.
A vida nos é dada dentro do ventre da nossa mãe, surgimos de dentro para fora, nada acontece fora sem antes acontecer no útero da nossa mãe.
Parece óbvio, não?
É urgentemente necessário que tenhamos nossos olhos voltados para o nosso interior, nos preocupamos demasiadamente com a nossa aparência, com nosso cabelo, com a pele bronzeada, nossas mãos, nossos pés, queremos tudo impecavelmente bem cuidado e nos esquecemos do nosso interior, esquecemos de cuidar da nossa mente que é vital para circularmos nesse mundo de uma maneira sadia.
Despejamos em nossa mente todos os dias o lixo adquirido da nossa existência, toda amargura, infelicidade, inveja, maldade, pensamentos negativos, e buscamos ser felizes com todo esse lixo acumulado em uma caçamba lotada dentro de nós.
Vivemos uma vida estressada com todos os afazeres que nos compete no dia-a-dia, não temos o cuidado necessário com a nossa saúde, esquece-mo-nos que sem esse devido cuidado, de repente, essa maravilhosa máquina pode precisar de uma manutenção. Tenha certeza, você não é insubstituível, caso falte; alguém irá tomar o seu lugar...
Vivemos sempre insatisfeitos com nossa situação atual, se ganhamos bem, nosso trabalho nos estressa, se ganhamos mal reclamamos e nos acomodamos naquele mesmo emprego, por medo de mudar e nada fazemos. Queremos sempre estar onde o outro está, norteamos sempre a nossa vida pela vida do outro.
Inveja, sentimentos baixos, rancorosos não irá ajudar em nada a sua vida.

Vivemos em uma sociedade tão sufocante pela correria do nosso dia que não temos tempo e muito menos vontade para nos interiorizarmos e nessa falta perdemo-nos completamente, haja vista que quando temos a oportunidade de tirarmos alguns dias de férias, não conseguimos de maneira alguma relaxar, muitas das vezes não suportando o silêncio e a tranqüilidade do local que escolhemos para o nosso descanso. Mais uma vez, nossa mente está cheia de entulho.
Andamos acelerados demais, começamos nosso dia irritados, descarregando em nosso organismo uma quantidade muito alta de adrenalina que em nada irá nos ajudar.
Precisamos fazer essa viagem interior, procurar cuidar da nossa mente, limpar todo o entulho mental que carregamos há anos e não nos damos conta.
Redefinir atitudes egoístas, limpar todos os pensamentos negativos, repensar valores, ser tolerantes com o próximo e nunca desejar ao outro o que não desejamos para nós mesmos...
Faça essa viagem interna e “conheça-te a ti mesmo”.

Pense nisso.

Por Nelson Sganzerla - nelsonsganzerla@terra.com.br

Estar feliz não é ser feliz


Hoje me sentei em frente ao meu monitor, procurando fazer uma reflexão sobre felicidade e buscando entender os efeitos que essa palavra nos causa, no dia-a-dia seja no trabalho, em casa, na rua, na chuva ou na fazenda ou em uma casinha de sapê. Em geral, estamos felizes, mas muito poucos são felizes. Existe uma diferença entre estar e ser feliz.

Estar feliz são momentos transitórios em que vivemos após a resolução de um problema que roubou grande parte da nossa tranqüilidade e, ao resolvermos, nos sentimos leves e com aquela sensação de alívio pelo problema sanado.

Precisamos ter uma conversa com um amigo que julgamos seja importante, passamos semanas para encontrar esse amigo, nos angustiamos, ficamos ansiosos pelo encontro e quando, por fim, encontramos e conversamos, ficamos aliviados e felizes.

Às vezes, uma forte enxaqueca que nos tira o sono e nos arrebata a tranqüilidade de uma noite plena de descanso e quando essa enxaqueca vai embora, respiramos aliviados e, finalmente, podemos dormir o sono dos justos. Isso é estar feliz, é experimentar essas sensações de alívio e de bem-estar. Momentos transitórios, mas que são importantes, afinal, não agüentaríamos viver só de problemas ou de dor.

Quanto a ser feliz, é ter um estado permanente de felicidade. Eu diria que é o estado da arte como permanecêssemos em alfa e requerem de nós muita maestria, muita elegância de espírito, uma mistura de poesia e sedução com muita habilidade para viver a vida; é como diz a música:

“A vida tem sons, que pra gente ouvir precisa aprender a começar de novo, é como tocar num mesmo violão e nele compor uma nova canção”.

Ser feliz é aprender a começar de novo, exige muita transpiração somada a muita inspiração, é treinar todo dia como faz um atleta ao se preparar para uma olimpíada: treina à exaustão para superar obstáculos e bater seus próprios recordes.

Ser feliz é saber tirar dos momentos de derrota, decepções, angústias, tristezas sempre uma lição que irá impulsioná-lo para uma próxima etapa da vida. É saber virar a página e agradecer a Deus pela oportunidade de uma nova lição e nunca jamais se desviar do caminho que se quer chegar.

Ser feliz é sorrir todo dia, chorar todas as noites e acreditar sempre que tudo irá mudar para melhor, no dia seguinte; saber que a vida não é uma constante música de amor; mas que a vida é musicalidade e devemos aprender com muita determinação a dançar conforme esta toca, não importa se triste ou alegre.

Ser feliz não é se conformar com tudo, é se indignar com as injustiças; é não acreditar em tudo que falam; é questionar sempre, ter vontade própria respeitando a individualidade; possuir opinião própria sabendo que a sua não é a única; saber dar valor às pequenas coisas, não deixando que nada passe desapercebido aos seus olhos. É tomar as dores dos indefesos, dos humildes, dos idosos, é entender a diversidade, saber conviver e conversar com as pessoas, mas procurar ouvir sempre, pois o silêncio é de ouro.

Ser feliz é um estado de espírito permanente, que ilumina qualquer ambiente onde se chega. Existem pessoas que não cabem em qualquer espaço, de tão felizes e iluminadas que são, tornam-se imensas, tamanho é seu grau de felicidade; são pessoas felizes e iluminadas, cuja convivência nos faz bem.

Ser feliz não é ser rico, pobre ou milionário. A felicidade transcende a classes sociais, culturas e costumes. Pessoas que são pobres e moram humildemente são mais felizes que milionários que habitam palácios. Ser feliz é um estado de graça permanente, independentemente do sol, da chuva ou do frio.

Ser feliz é saber tocar o mesmo violão e nele sempre compor uma nova canção.

Pense nisso

Por Nelson Sganzerla - nelsonsganzerla@terra.com.br

Site do autor: http://somostodosum.ig.com.br/p.asp?i=100